Falar em causas e conseqüências das drogas implica em sair dos limites da Medicina. É preciso pensar em Sociedade, Família, Religião, Profissão, Psicologia, Mídia, Polícia e Política. Não existe uma só causa, ou uma só conseqüência.
DROGA é qualquer substância capaz de modificar o funcionamento fisiológico (normal), mental ou comportamental de um indivíduo. Inclui medicamentos (drogas lícitas) e plantas. As drogas capazes de alterar o funcionamento mental ou psíquico são denominadas drogas psicotrópicas ou simplesmente psicotrópicos. Costumamos usar a palavra droga para falar de substâncias que apresentam potencial de abuso e que podem causar dependência.
A história das drogas acompanha a história da humanidade. Temos relatos muito antigos do uso de chás e álcool em rituais religiosos ou em comemorações. A alteração da consciência é algo que desperta a curiosidade do homem e o leva a experimentar substâncias psicoativas.
A dependência de drogas (lícitas e ilícitas) é conseqüência de uma interação entre os genes, a seqüência temporal dos ambientes externos aos quais estamos sujeitos durante a vida e eventos aleatórios de interações moleculares que ocorrem dentro das células individuais. São essas as interações que devem ser incorporadas em uma explicação adequada acerca da formação da dependência. Uma grande parte das pessoas se envolverá em uso ocasional, porém outra parte se tornará dependente, possivelmente devido a uma memória que a droga cria no cérebro, nos sistemas de gratificação cerebrais. Memória esta que é despertada principalmente em diversas situações emocionais e ambientais. Nessas situações, através de mecanismos desconhecidos, o indivíduo sente necessidade da droga. A incidência de alcoolismo em filhos de pais dependentes de álcool é de três a quatro vezes maior do que entre os filhos de não dependentes. Estudos em gêmeos também tendem a confirmar esta predisposição. Existem vários modelos propostos para explicar este fenômeno, mas nenhum comprovado definitivamente.
O Brasil apresenta taxa crescente de consumo de drogas ilícitas. Tais taxas já estão estáveis na Europa e Estados Unidos. A ONU estima que o número de usuários de drogas aumente em 10% por ano no Brasil. Isso mostra uma falência de nossa política de combate às drogas. O Dr. Ronaldo Laranjeira tem uma teoria para explicar esses dados. Aqui, há dez anos, o Ministério da Saúde adota a política de redução de danos. Se vai usar, que use de uma forma menos lesiva. É preferível usar maconha que crack. Mas não existe droga segura. A própria maconha - considerada tão inocente - aumenta o risco de transtornos mentais graves como a esquizofrenia. Pelo menos 12% dos casos de esquizofrenia na Inglaterra foram desencadeados pelo uso de maconha. Há piora do desempenho escolar, aumenta as chances de transtornos mentais - especialmente a esquizofrenia - e diminui o pique para fazer as coisas (síndrome amotivacional). O uso da maconha também causa ansiedade e depressão. E o Ministério da Saúde não divulga isso.
Quando falamos em prevenção primária devemos ter em mente que a primeira droga a ser experimentada é o álcool, depois o cigarro e em terceiro lugar a maconha. A maconha é a droga ilícita que funciona como porta de entrada para outras drogas.